sábado, 5 de março de 2011

"A moda é esmagadora"

Para a criadora Carla Carlin, a moda é sua vida. “Ela nos transporta para o mundo, nos conecta com a sociedade”.
Desde criança, com 7 ou 8 anos, Carla desenhava princesas nos cadernos, e sempre gostou inventar roupinhas para elas. Aos 17, ela resolveu que queria trabalhar – ter independência financeira, ganhar dinheiro para ir à praia sem depender da autorização do pai – e montou um negócio, tendo a mãe e a irmã de sócias. Era uma confecção de roupas de ginástica, a Ginga do Corpo.
Mas, irrequieta, Carla estava acabou fazendo desde roupa esportiva até festa, principalmente com em cotton, material que estava muito em alta na época. Suas peças começaram a agradar e, aos poucos, ela foi ampliando. Sua primeira cliente foi a Moda Viva – até hoje, única loja em Caxias que vende a marca Carla Carlin.
A Ginga do Corpo durou 13 anos, até que, em 2002, as sócias saíram e Carla montou a grife que leva seu nome. Com isso, a empresa passou por uma reestruturação, além de rever conceitos e as maneiras de trabalhar o produto. Até hoje, diz Carla, é uma luta diária. “A empresa cresce de 30 a 40% por coleção. Está participando do Fashion Business, vende para RJ, SP, PR, SC, RS e Brasília”, conta. Para ela moda é assim mesmo, tem muita pressão, “uma batida frenética quase esmagadora, quando tu acha que tu domina, já era, passou”.


Veja fotos da Carla aqui.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Olhar para o futuro

Izabel Peteffi Basso, como a maioria dos estilistas, já nasceu gostando de moda e, principalmente, com o dom da elegância. Quando criança fazia roupinhas para bonecas e já exercitava o bom gosto escolhendo e combinando suas próprias peças – nem mãe nem avó vestiam a menina.
A ideia e o interesse de tornar a paixão um negócio vieram por volta dos 18 anos. Assim, Izabel ingressou na faculdade de Economia, e até tentou montar uma loja com algumas amigas, que acabou não vingando.
Resolveu, então, fazer um curso de modelagem, porque não gostava de comprar – função que teria de fazer para manter uma loja. Queria mesmo entender como fazer as roupas. Com o curso básico completo, já começou a fazer peças para as amigas – algumas são clientes até hoje, diga-se de passagem –, e o passatempo logo virou profissão, no pequeno ateliê Sinhá Costureira.
Com o crescimento do negócio, ela percebeu também a importância da pesquisa e viajou, pela primeira vez, para Nova Iorque, em 1988. Lá, viu coisas diferentes e interessantes, trouxe peças para usar como referência, e foi a partir daí que o ateliê começou a ser o negócio que é hoje: um prêt-a-porter personalizado.
Izabel não é nem uma costureira, nem uma confecção: tem peças prontas, mas personaliza conforme a vontade do cliente quer. E acha que isso é uma tendência mundial. “Luxo é satisfazer o teu desejo, ter as coisas com a tua cara”, afirma.
Aos poucos, criou duas marcas: a Escultura, que abrange os uniformes e a alfaiataria, sua maior demanda. A mais jovem etiqueta é a Ciela (o nome é uma junção de Letícia com Gabriela, suas filhas), voltada para levar às clientes as últimas tendências da moda. Ela emprega, diretamente, oito funcionárias e utiliza, ainda, o serviço de 15 costureiras terceirizadas. Tudo para atender suas clientes, que são de todos os tipos: desde as que procuram um vestido de festa até aquelas que entregam a ela a responsabilidade de cuidar de absolutamente todo o guardaroupas, como a ex-primeira dama Cláudia Rigotto.
Izabel acredita na importância fundamental da pesquisa de ponta. Com muito sacrifício, sempre comprou muitas revistas nacionais, internacionais, bureaus, tanto que, atualmente, tem uma biblioteca invejável, com verdadeiras raridades. A filha mais nova, Gabriela, formada em Administração e acadêmica de Tecnologia em Design de Moda, é sua maior parceira no negócio, a grande responsável por implantar diversas inovações que facilitam a rotina de trabalho da mãe e, no que depender de Izabel, sua herdeira no mundo da moda.




Fotos: Alex Zucolotto

quinta-feira, 3 de março de 2011

Apaixonada pela moda

Simone sempre gostou de roupas. Quando era pequena, adorava brincar com aquelas bonecas de papel em que a gente consegue encaixar várias roupinhas. Acompanhava a avó no trabalho – ela tinha fábrica de lençol – e se deliciava com o barulho das máquinas e o cheiro do querosene com que riscavam os tecidos para fazer bordados.
O tempo passou, e a estudante que passou pela Arquitetura da Ufrgs, formou-se em Artes Plásticas na UCS, acabou mesmo fazendo de sua profissão aquilo que sempre a encantou: a moda. Em 1990, iniciou uma confecção em parceria com amigas que acabariam desistindo para que, em 1993, ela assumisse sozinha o negócio, fazendo da Contra Regra a marca de sucesso que é hoje.
Simone Franco tem 41 anos, é casada com Fernando Comunello – conhecido empresário da noite de Caxias do Sul, um dos sócios do Havana Café – e tem uma filha, Isadora, de 12 anos. Sua personalidade pode ser resumida em uma palavra: empolgação. Bem como está definida no dicionário, ela encara a vida com grande animação e entusiasmo.
Ela não gosta muito de desenhar – prefere deixar essa tarefa para Cristiane Taufer, seu braço direito na Contra Regra. Prefere fazer suas montagens, como antigamente, com as bonequinhas de papel. Aliás, se dá tão bem na pesquisa de moda justamente porque adora viajar, buscar referências e ver coisas interessantes. Mas interessante para ela pode ser tanto Londres, com todo seu cinza e sua urbanidade, como um momento completamente relax na paradisíaca e colorida Trancoso, praia baiana.
É mais inverno do que verão. E poder passar um tempo na chácara da Linha 40, interior de Caxias do Sul, com marido, seus cães e sua filha é tudo.
No momento, está meio silenciosa – de música, anda ouvindo, por tabela, o que a filha curte – porém o jazz e a boa música brasileira são os ritmos que compõe sua trilha sonora preferida. Suas peças preferidas da Contra Regra são uma camiseta com estampas de meninas nascendo de flores, uma das primeiras, mas que ainda tem e usa, e um colete de 2003, uma das peças emblemáticas da marca.
A trajetória de Simone é como a da Contra Regra: marcada pela dedicação, foco e qualidade em tudo que faz, sem medo de inovar e com o olhar sempre à frente.







Fotos: Carol De Barba

quarta-feira, 2 de março de 2011

Glamour caxiense tipo exportação


Já postei fotos dela, agora, um pouquinho sobre mais uma criadora, para aguçar a criativade nessa semana que antecede a estreia...


Carmem sempre gostou de moda, desde criança. Influência da avó, costureira. Vinda de uma família de poucos recursos, quando bem guriazinha, na falta de bonecas, pegava os cachorros para modelos de suas criações. Aos 9 anos ganhou uma caixa de miçangas da vó – uma coisa finíssima naquele tempo, tanto que ela fazia e desfazia colares e pulseiras, para não gastar as pedrinhas em vão – que guarda até hoje. Aliás, Carmem sempre foi multidisciplinar: bijous, chapeus, tricô, o que viesse ela fazia.
Aos 11, quando ganhou a primeira boneca, já fazia até roupas para ela e as amigas. Mais tarde, fez um curso de desenho e molde, e começou a trabalhar fazendo desenvolvimento para outras confecções.
Em 1985, começou sua própria marca, com um top de couro. Ela fez um e o cliente gostou tanto que encomendou mais 100. Como precisava, também, do dinheiro, deu um jeito de fazê-los, e a partir daí nunca mais parou. Por vários anos trabalhou com couro. Depois, começou com a alfaiataria e roupas mais casuais.
Em 2000 é que começou a trabalhar forte em sua linha de festa, utilizando tecidos finos e diferenciados combinados a pedrarias riquíssimas – o que mais gosta de fazer.
Carmem é muito ativa: além de criar três coleções por ano (inverno, verão e alto verão), adora viajar, o que a inspira muito. Seu destino favorito é Londres, mas, na verdade, adora sair de casa – para qualquer lugar. Adora ver coisas bacanas na rua, decoração, design em geral, e está sempre criando. Tem até um caderninho, na cabeceira da cama, onde anota tudo.
Mas Carmem não se envolve só com a criação. Ela gosta de acompanhar tudo de perto: desde a produção até a loja, palpitando até na vitrine. Na fábrica, coordena 35 funcionários, na loja 5, mais equipes de bordado terceirizadas.
Carmem é uma das criadoras mais visionárias de Caxias. Já levou suas peças à Paris e, constantemente, aparece em programas de televisão e revistas importantes da área. Uma mulher no auge da vida, que aos 46 anos faz pilates, adora bichos e botas. Admira McQueen, Marc Jacobs, e tem paixão pelos shows da Madonna. É muito detalhista, curiosa e, por tudo isso, uma das 8 estrelas do documentário Criadoras de Moda de Caxias do Sul.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Amante da moda


Sei que faz tempo que não alimento o blog, mas, antes tarde do que nunca - péssimo, mas adequadíssimo ao momento, hehe. O texto é longo, mas vale a pena.


Holandina Salles, ou melhor, Lola, aprendeu a cozer aos 6 anos, com a mãe, que costurava calças masculinas. “Naquela época, sabia botar linha na agulha já tinha que ajudar”, conta. Mas não gostava desse serviço porque era sempre igual. Queria mesmo era fazer feminino, então, começou a aprender e, aos 12 anos, conquistou sua primeira cliente.
Para se aperfeiçoar – já que sua mãe não sabia lhe ensinar a cortar, seu conhecimento vinha da prática mesmo – ingressou no curso de Corte e Costura oferecido pelo Círculo Operário aos 18 anos e, à noite, aprendia com o pai, que era seleiro, a colocar os moldes no fio.
Dali pra frente, “tudo melhorou”, diz, e o trabalho só fez aumentar. Mas Lola ainda fazia apenas roupas simples, demorou até que começasse a fazer roupas de festa. Foi aos 20 e tantos anos, em 1956, que fez seu primeiro vestido de noiva, para uma amiga. Era de tule, com uma sobressaia de renda bordada, acompanho de luvas e chapéu. O primeiro vestido de gala ela também não esquece: brocado, num tom quase prata.
As idéias para os modelos vinham de figurinos que a irmã e as amigas traziam de Porto Alegre, tirava uma coisa daqui, outra dali, mudava pra ficar melhor no corpo da cliente, e, aos poucos suas próprias criações iam brotando naturalmente. Ah, ela também era – e ainda é –  “apaixonada, apaixonada” por Coco Chanel, estava sempre atenta ao que era a última moda da maison parisiense.
Em 1966, Lola resolveu montar uma confecção infantil. Aí sim ela tinha mil idéias. “Quando a gente gosta nunca faltam idéias, sempre se é criativa”, relembra. Porém, o negócio durou pouco. Em 1970, sua casa e sua confecção pegaram fogo, ela perdeu tudo, e teve que recomeçar do zero.
Com muita força de vontade, recuperou as clientes particulares, e mais: passou a fazer figurinos para espetáculos de dança. Atendia principalmente ao corpo de ballet clássico de Dora Rezende Fabião. Bordava com primor os collants, pois roupa de palco tem que ter muito brilho, e armava perfeitamente os tutus utilizando cordas de relógio pois, naquela época, ainda não se encontravam por aqui as barbatanas próprias para esse fim.
A essas alturas, já deu para reparar que Lola gosta mesmo é de desafios. Vestidos de gala bem trabalhados, noivas, debutantes. Peças detalhadas, nunca repetidas!, drapeados, tomas, mulage, detalhes trabalhosos mas que, ao ver o resultado final, lhe proprocionam um sentimento de imensa satisfação. Antigamente, o amor era tanto que ela não queria mais que as clientes viessem buscar os vestidos. Quando ficavam prontos, ela os pendurava e seu desejo era ficar apenas olhando, admirando sua obra.
Aos 80 anos, Lola continua cheia de encomendas de noivas, debutantes, vestidos de baile, sem falar das candidatas a soberana da Festa da Uva. Os vestidos oficiais da Festa já fez quatro vezes. Suas clientes atravessam gerações: avós, mães, filhas, netas e até bisnetas (ainda que pequenas, de 7, 8 anos) já anunciam sua vontade de fazer o vestido de 15 anos com a costureira.
Seu braço direito no atelier é a filha Tini, responsável pelos bordados, pelo contato com as clientes, ida às lojas para compra de tecidos, enfim, “ela é mais a cabeça, agora”, explica. Tini só não costura, essa tarefa continua sendo exclusiva de Lola, mas como ambas fizeram uma parte do curso de Moda e Estilo da UCS, para se qualificar ainda mais, ela ouve os palpites da filha com atenção.
O que a costura representa para Lola? “A principal rival do meu marido”, brinca. Além de abandoná-lo para ficar mais tempo no tão adorado atelier, a costura pra ela é tudo. “O meu trabalho pra mim é vida”, afirma com os olhos brilhantes a estilista Lola Salles.






quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Depois...

da Carmem foi a vez da Rache Martini. Desde a primeira vez que a vi, achei a estilista uma verdadeira bonequinha. Supercriativa, inteligente e completamente emotiva: seu trabalho reflete exatamente seu modo e momento de vida. Algumas imagens!



Beijos!